Blogue complementar ao Direito na Sociedade da Informação LEFIS
"Um adolescente que frequentava uma escola do Norte de Inglaterra colocou na Intranet do estabelecimento de ensino fotografias da cara da ex-namorada sobrepostas em imagens pornográficas. Um outro tem recebido apoio psicológico depois de um grupo de colegas o ter apanhado numa sala e o ter fotografado a ser empurrado e agredido. As imagens foram colocadas num blogue. 'As pessoas viam e achavam que eu era um falhado', contou ao The Sunday Times. Uma jovem de 16 anos norte-americana recebia em casa e-mails de colegas que diziam que a queriam matar, revelou a CBS.
São apenas exemplos de bullying - uma expressão que traduz a humilhação, coacção e abuso. É um problema nas escolas, nos recreios ou no caminho para casa. Mas as novas tecnologias abriram a porta a uma outra forma de bullying. E as escolas norte-americanas e britânicas estão ainda a adaptar-se.
Algumas escolas inglesas têm vindo a proibir a utilização de telemóveis com câmaras incorporadas - na sequência de episódios de alunos que filmam ataques a colegas para depois disseminar as imagens, noticiou o The Guardian. No Kings College, no Reino Unido, o programa de conversação on-line em tempo real MSN Messenger foi bloqueado (porque é considerado uma via privilegiada para os insultos, garantido o anonimato dos seus autores) e foi instalado nos computadores um software que identifica palavras-chave ligadas a conteúdo pornográfico, mas também a bullying.
Outras escolas tentam a via da pedagogia recomendando aos seus alunos que não ponham fotografias on-line, nomeadamente nos blogues, por exemplo. Na mesma reportagem, o The Sunday Times contava como uma adolescente de 15 anos de Abingdon (Reino Unido) recebeu uma mensagem de uma jovem dos Estados Unidos que apenas lhe queria dizer, depois de ver a sua fotografia: 'És tãããããooooo feia!'
Num artigo recente, no jornal The Guardian, intitulado 'Perigo: cibertorturadores on-line', relatam-se outros métodos. Há jovens que enviam às suas vítimas links que as remetem para blogues ou sites com insultos especialmente dirigidos a si. Outros optam por SMS via telemóvel com os mais diversos impropérios.
Liz Carnell, directora de uma organização britânica de apoio às vítimas de bullying - o Bullying Online -, explica que cada vez mais crianças e adolescentes usam a Internet ou os telemóveis para atemorizar colegas.
No site www.bullyin.co.uk lê-se: 'Um número cada vez maior de alunos escrevem-nos queixando-se de que recebem ameaças e são abusados através dos seus telemóveis.' E aqui divulgam-se recomendações dirigidas a pais, alunos e professores.
Em quatro anos, o Bullying Online diz já ter respondido a 21.700 mensagens. Como esta: 'Querida Liz. Há um site que toda a gente na escola conhece e onde as pessoas põem mensagens com insultos sobre mim, onde põem o meu nome e o nome da minha escola e o ano que frequento. Têm escrito muitas coisas vis e mentirosas sobre mim e não sei o que fazer. A minha mãe quer envolver a polícia'." (Andreia Sanches - Público, 18/12/2005)